RACHADURAS EM PAISAGENS CIVILIZADAS
(2013)
Por Adriana Varella e Ife Niklaus
13 Canais de vídeo instalação
“Rachaduras da paisagem civilizada” é uma vídeo-performance experimental que desafia a arquitetura como autoridade patriarcal. Ao fazer sexo em uma igreja, uma mesquita, um castelo, um museu, um banco e em outros monumentos, nós descontruímos as dimensões sagradas, heroicas e sexistas. Nós nos infiltramos nesses prédios para decifrar a força oprimida que está além do aspecto formal. Usamos o sexo como um processo subversivo e revolucionário de profanação. O filme é pontuado por um poema abstrato, que relembra como a linguagem cria o gênero. Esse trabalho foi produzido com muito humor.
"A natureza fálica dos modernos blocos de torres de concreto de vários andares, obviamente, representa uma época que tem sido dominada pelo patriarcado, autoritarismo e hierarquia ... representa e evidência uma arquitetura em grande escala de uma cultura cuja paisagem tem sido brutalmente moldada pelas forças do colonialismo, imperialismo, centralismo e o domínio do estado por muitas centenas de anos ... essa arquitetura em grande escala fornece os mais dramáticos exemplos visuais da relação entre espaço e poder "
Lugares - 1 Câmara Municipal do Rio de Janeiro (Prédio do Governo) / 2 Dentro da copa de uma árvore no parque Slope Brooklyn, Nova Iorque / 3 Empire State Building, Nova Iorque/ 4 Basílica de St. Patrick’s, Antiga Catedral, Nova Iorque /5 Centro de Cultural Islâmico de Nova Iorque/ 6 Forte São João na Urca, Rio se Janeiro/ 7 Museu Metropolitan, Nova Iorque / 8 Banco Chase Wall Street, Nova Iorque /9 Torre Eiffel, Paris/10 Arco do Triunfo, Paris/11 Museu Louvre Paris/12 Limusine, Nova Iorque /13 Castelo em Grandson, Suíça /14 Igreja em Grandson, Suíça / 15 Aeroporto, Genebra, Suíça / 16 Universidade do Brooklyn, Nova Iorque / Outros
comentarios sobre o processo
Arte/Anarquia/anarkofeminismo/ performance e interferencia de arte publica
Tentei realizar este projeto com algumas amigas antes de conhecer minha ex-parceira de amor e arte, Ife da Silvia, no living Teatro de NY, na ocasião de uma apresentação do ANARKOARTLAB [laboratório de criação coletiva].
Assim que a conheci começamos a trabalhar juntxs e uma das nossas primeiras experiências de performance publica em interferência na realidade com as rachaduras, foi no órgão da igreja de San Patrick catedral de NY.
Para mim fazer arte agora e ir para a realidade construída das nossas vidas, pois e lá onde a arte esta viva e pulsante em contraste com os espaços vazios, apáticos e sagrados-mitificados da arte contemporânea (museu, galerias, teatros, etc), estes espaços seguros da arte fazem parte das estruturas patriarcais brancas e capitalistas que estamos tentando destruir.
Entramos na igreja por acaso, parecia que algo nos levava, vi a porta do segundo andar aberta e entramos, vimos o órgão, entramos, transformamos nosso sexo em ação e movimento performático de interferência no real = um ato ritualístico. Acreditamos que pelo ato sexual (que na maioria das religiões e sociedades) são considerados “pecaminosos”, nos poderíamos confrontar as estruturas de poder do sistema patriarcal, heterossexual capitalista e atingir suas estruturas e bases profundamente.
Gravamos na Catedral 3 vezes, a primeira fizemos sexo no confessionário enquanto estava acontecendo um festival de musica, o segundo e o terceiro fizemos sexo no gigante órgão da catedral na hora da missa. Todo o processo foi realizado com muito tesão confrontando estas estruturas, gozamos muito e tudo foi muito gostoso. Acho que prazer e um atributo do anarkofeminismo.
Explorar as arquiteturas patriarcais das cidades com a intenção de desacralizar-las foi o primeiro passo para o processo da construção do projeto trans-arquitetura [Eliminacao das estruturas binarias da arquitetura].
Este projeto levou 3 anos de processo entre as fodas de dessacralização em vários lugares do mundo [ver lista completa dos locais no website], música, edição, poema etc. Foi projetado para ser uma situação de imersão, uma vídeo instalação de 13 canais, para uma escadaria em um edifício no West Village em NY para o festival de cinema queer MIX. Todos os vídeos eram ligados ao mesmo tempo nesta escararia e havia projeções nas paredes, chão e teto onde pessoas passavam de cima para baixo e vice versa entre sons e imagens.
Os locais de dessacralização foram de escolha precisa e estratégica pois queríamos desafiar a arquitetura como autoridade heterossexual patriarcal Capitalista. Para nós ao fazer sexo em uma igreja, uma mesquita, um castelo, um museu, um banco, uma tumba, uma limosine que atravessava NY e em outros monumentos, nós descontruímos as dimensões sagradas, heroicas e sexistas dos locais e arquiteturas. Nós nos infiltramos nesses prédios para decifrar a força oprimida que está além do aspecto formal e usamos o sexo como um processo subversivo e revolucionário de profanação. O filme é pontuado por um poema abstrato, que relembra como a linguagem cria o gênero e tudo foi produzido com muito humor e diversão.
Queríamos questionar a natureza fálica dos modernos blocos de torres de concreto vertical, que para nós e dominado pelo patriarcado, autoritarismo e hierarquia ... ou seja, e uma arquitetura de uma cultura e paisagem brutalmente moldada pelas forças do colonialismo, imperialismo, centralismo e o domínio do estado por muitas centenas de anos ... essa arquitetura em grande escala fornece os mais dramáticos exemplos visuais da relação entre espaço e poder .
O que fizemos não foi um filme, foi movimentos de corpos, energias, espaços e arquétipos que habitam o inconsciente coletivo e individual confrontando o corpo arquitetural e individual das relações, das comunicações, dos comportamentos e das estruturas inter-sexual-sociais. Absorvi e identifiquei este projeto com o teatro da crueldade de Antonin Artaud onde movimentos, estruturas em arte, arquitetura, rituais, afetam a dinâmica de nossas relações e comunicação nas estruturas sociais. Absorvi e identifiquei os movimentos do corpo nestas estruturas que criam comportamentos, hábitos, movimentos, pensamentos criado e condicionado pelo patriarcado.
Em Lygia Clark onde o “corpo e’ a casa” tento trazer estas questões. Então estas estruturas de poder são neutralizadas e negadas por estes outros movimentos que criam rupturas de poder nestas estruturas. E isso não esta somente no filme ele mesmo mas na maneira como criamos como agimos no processo deste projeto.
Os locais, o som, o estado de consciência, o fluxo que trazemos o espectador que emerge nesta vídeo instalação experimentam comigo essa negação da patriarcalidade, desta construção hierárquica e de poder. E porque acontece no universo da energia e ação-sexual pegamos esta energia e a confrontamos no vórtice do poder.
Então estas estruturas do corpo informam que a nossa natureza foi construída pelo pensamento e não por todo o corpo nos espaços. O TRANS passa agora a ser o corpo, e estas vibrações do corpo afetam a maneira como as pessoas falam e movem seus corpos no espaço e na maneira como esta pessoa respira, no ritmo , nas frequências destas ressonâncias, realmente vibra e afeta a realidade espacial dos corpos e isso e' amplificado nas arquiteturas, o primeiro movimento e' envisionar as estruturas desta situação ---- o segundo movimento, e ampliar a energia e a substituir por movimentos de corpos que queremos, e esta esta’ nos projetos de transarquiteturas que estou no processo agora.